Macho de Panthera onca (onça-pintada).

É absolutamente impossível descrever um dos momentos mais esperados e espetaculares da minha vida!!!!
Na ocasião, contava com a agradável companhia do meu grande amigo Vitor Torga Lombardi.
Era por volta das 10 horas da manhã e nós estávamos conduzindo o nosso inventário de avifauna na margem esquerda do rio Juruena, nesse momento nossa atenção estava totalmente voltada para as mais altas árvores acompanhando a movimentação de um grande bando misto de aves que passava.
Um faixo de luz solar incidia num canto da pequena estrada que nos abria caminho em meio aquela imensidão verde. Ao olharmos subitamente para aquele ponto, vimos um dourado reluzindo como ouro e contrastando com os vários tons de verde ao fundo. Forçamos os nossos olhos e então nos demos conta de que estávamos, frente a frente, a menos de 15 metros (!!!!), com um casal de onças-pintadas, o maior felino das Américas.
Foi indescritível, chocante, um verdadeiro misto de emoções!
A fêmea logo sumiu no sub-bosque escuro, já o grande macho, em posição meio arqueada, olhava fixamente para nós, encarado-nos, olho a olho.
Tive a oportunidade de observá-lo rapidamente através das lentes do meu binóculo e ao tentar captar uma imagem do imponente macho, olhando fixamente para nós, tomado pela grande emoção do momento, acabei me enrolando todo com a máquina que havia ficado presa em alguma parte do meu colete. Ao conseguir liberar o equipamento e obter posição para fazer a foto o grande macho já seguia o seu curso de volta, rosnando, para o interior sombrio da floresta.
Juntaram-se a nós os outros dois integrantes da expedição, Márcio Schenck (Geógrafo) e Polaco (nosso guia mateiro).
Após uma rápida conversa, nos mantivemos coesos e decidimos contar com o auxílio da técnica de play-back e pagar pra ver no que ia dar.
Rapidamente tratei de tocar (apenas uma vez) a faixa contendo o esturro da onça-pintada presente na coleção "Sounds of Neotropical Rainforest Mammals" e passados poucos segundos escutamos a resposta enfurecida do grande macho, esturrando altíssimo, bem do nosso lado!
Ele estava muito, muito próximo, camuflado em meio a vegetação e nós não conseguíamos vê-lo. Caminhamos por cerca de uns 800 metros seguindo a estrada e de tempos em tempos ouvíamos os resmungos do grande felino e então nos demos conta de que ele nos seguia camuflado por entre a vegetação.
Não querendo mais abusar da sorte, decidimos voltar em direção ao carro, que estava parado alguns quilômetros para trás.
Foi um momento marcante e inesquecível que será para sempre lembrado com muita emoção.
Certamente foi um tanto quanto insano fazer o playback , mas como disse anteriormente, foi irresistível e uma oportunidade única! Com certeza, não testarei minha sorte numa outra oportunidade e eu não aconselho ninguém a repetir isso! Tem outra questão também, na ocasião, eramos quatro caboclos e muito provavelmente, apesar do bicho ter ficado extremamente nervoso, em resposta ao playback, creio que também estava muito intimidado com a nossa presença. Agora, meus amigos, se eu estivesse sozinho por ali, certamente, teria corrido no melhor estilo FORREST GUMP!