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      Argiope sp. - Aranha-de-Jardim (Audouin, 1826)

      10 Mar 2018

      Araneae: Opisthothelae: Araneomorphae: Araneoidea: Araneidae: Argiopinae

      O sujeito retratado é uma fêmea. Inicialmente, pensei que fosse ser fácil identificá-la, como a maioria das aranhas Argiope. Vendo a aranha, já sabia que não tratava-se de uma Argiope argentata, e uma rápida pesquisa no Google não deu nenhuma dica a respeito desta. Comecei a crer que iria ser difícil identificá-la. Cheguei à espécie Argiope trifasciata. Parecia diferente, mas alguns indivíduos (provavelmente jovens) pareciam praticamente idênticos a minha e foram identificados como Argiope trifasciata. Veja os links nos comentários. Ambos foram identificados como trifasciata e são diferentes, então a ID está errada ou elas variam muito dado vários fatores, como idade. O segundo link mostra um indivíduo praticamente idêntico ao meu:

      No Brasil, temos a Argiope argentata, Argiope legionis, Argiope savignyi e Argiope trifasciata, então é uma destas. Não é a argentata, nem a savignyi. Então é uma trifasciata ou uma legionis. Parece muito com a trifasciata em algum estágio de crescimento, mas há zero imagens de Argiope legionis na Internet, então não possuo certeza sobre esta ID. Nos comentários postei um estudo de Argiope legionis.

      Dado esta falta de certeza, deixarei o post como "Argiope sp.".

      Sua teia é característica, com padrões em X ou zig-zag, chamados de "stabilimenta". Estes padrões, possivelmente, servem para atrair presas e proteger a teia de acidentes por criaturas maiores. Os machos são muito, muito menores do que as fêmeas. O macho tece uma teia ao redor da fêmea na hora de acasalar. A ooteca, que contém entre 400 e 1400 ovos, é depositada sobre a teia pela fêmea. Os ovos podem ser parasitados. Argiope são aranhas grandes e podem morder, mas as mordidas destas criaturas são muito, muito raras, e ainda sim, a peçonha é inofensiva para humanos e animais, podendo ser comparada a picada de uma abelha. Pertencem à ordem Araneae, subordem Opisthothelae, infraordem Araneomorphae, superfamília Araneoidea, família Araneidae e subfamília Argiopinae.

      Seu corpo é coberto por um exoesqueleto ou cutícula. Algumas regiões da cutícula são endurecidas ou esclerotizadas, onde outras são moles e flexíveis mas, em geral, o exoesqueleto tende a ser mais mole do que o da maioria dos insetos e crustáceos.

      O corpo é composto de duas tagmata; o anterior do cefalotórax, ou prosoma, e o posterior do abdome, ou opistosoma. Ambos são conectados por uma estreita cintura, ou pedicelo. O abdome ovóide bulboso é muito mais largo que o cefalotórax. O cefalotórax consiste da fusão da cabeça com o tórax dos ancestrais proaracnídeos. É dorsalmente achatado e coberto por uma ampla, plana, esclerotizada placa exoesquelética como a carapaça. A cabeça antecede os sulcos cefálicos e o tórax é posterior a estes. A carapaça é coberta por uma pelagem de cerdas, estas apenas visíveis sob magnificação. O fim anterior do cefalotórax possui quatro pares de grandes olhos, alguns que são elevados em pequenos tubérculos. Todos possuem uma grande lente transparente destacando-se acima da superfície da carapaça. Os olhos medianos anteriores, ou olhos primários, são homólogos aos ocelos simples de outros artrópodes. Estes visualizam frontalmente. Os outros três pares são olhos secundários derivados dos olhos compostos de ancestrais quelicerados e incluem, do anterior ao posterior, os olhos ântero-laterais, pós-laterais e olhos posteriores medianos. Os olhos apontam em diferentes direções e são simples, não compostos. As quelíceras são os apêndices primários do cefalotórax e são compostos de dois artigos; um trata-se de um pedaço basal preso ao fim anterior do cefalotórax abaixo da beirada da carapaça. Contém poderosos músculos e um duto conectado à uma glândula de peçonha no cefalotórax. O segundo artigo das quelíceras é uma presa fina, aguda e oca que possui a abertura do duto de peçonha na ponta. Os segundos apêndices cefalotoráxicos são pedipalpos. Estes longos, finos apêndices que parecem-se pernas são compostos de seis artigos. O artigo enlarguecido proximal chamado de "coxa", funde-se ao lado ventral do tórax anterior imediatamente posterior às presas. O processo mediano da coxa é uma placa com cerdas conhecida por gnatobase, que mastiga a comida e mistura-a com as enzimas digestivas. Os pedipalpos costumam ser sensórios, mas podem ser utilizados para a manipulação de comida. Os dos machos são modificados para transferir o esperma à fêmea. Os outros apêndices cefalotoráxicos são quatro pares de pernas. Estas são compostas por uma série de sete artigos nomeados, em ordem de proximal para distal: coxa, trocanter, fêmur, patela, tíbia, metatarso e tarso. Na ponta distal de cada tarso há pequenas garras.

      As pernas possuem cerdas abundantes, as quais servem como receptores de sensações, como mecanoreceptores sensitivos à vibrações, toques e movimentos do ar. Órgãos sensoriais provocam tensão na cutícula presente em vários locais no corpo, especialmente nas pernas. As tricobótrias, longas, finas cerdas especiais, são sensíveis aos movimentos fracos do ar. Quimiorreceptores estão presentes nos tarsos, principalmente nas primeiras pernas.

      A maior parte da superfície ventral do cefalotórax é protegida por um largo esternito altamente esclerotizado formado pela fusão de quatro esternitos embriônicos. Anterior ao esternito há um pequeno lábium triangular que extende-se anteriormente entre as bases das coxas pedipalpais. O lábium é móvel junto a sua articulação com o esternito. É o esternito do segmento pedipalpal.

      As quelíceras, coxas pedipalpais, e lábium que cerca a boca anexam-se à cavidade pré-oral que precede a boca. Dentro desta cavidade pré-oral há um proeminente lábrum localizado na linha mediana. Empurrando as quelíceras e coxas pedipalpais para o lado revela-se o lábrum. A boca é uma abertura triangular na superfície posterior do lábrum e é coberta e fechada pelo mesmo. Pode ser vista ao se mover o lábium posteriormente a sua dobradiça. As fortes orlas de cerdas nas coxas pedipalpais e o lábium filtram a pasta resultante de predigestão externa antes que entre na boca. Partículas grandes são excluídas e apenas líquidos e pequenas partículas entram na boca.

      A faringe é um tubo longo, estreito e quase vertical que extende-se dorsalmente da boca. O músculo dilatador da faringe extende-se da faringe à linha mediana da carapaça. Contrações deste músculo dilatam a faringe e levam a alimentação líquida através da boca na cavidade pré-oral.

      Um fino esôfago extende-se posteriormente do fim dorsal da faringe. Aproximadamente ao meio do cefalotórax ela começa a engrossar para formar o estômago. A faringe, esôfago e estômago são todos partes do intestino dianteiro e, sendo assim, são derivados do ectodermo e alinhados com o exoesqueleto.

      O músculo dilatador estomacal extende-se da parede dorsal do estômago à linha mediana da carapaça. Sua função é similar àquela do dilatador da faringe. Juntos, o estômago e a faringe sugam a comida para dentro do intestino.

      O estreito intestino, ou intestino mediano, deixa o fim posterior do estômago e passa através do pedicelo ao abdome. O intestino médio é endodérmico e não possui forrações cuticulares. Uma válvula previne o fluxo reverso da comida para fora do intestino médio quando o estômago dilata-se.

      Cecos digestivos tubulares anteriores crescem de cada lado do fim anterior do intestino e cefalotórax. Estas glândulas contorcidas e cilíndricas ramificam através do interior do cefalotórax.

      O abdome e intestino passam dorsalmente ao ovário para alcançar o ânus no fim posterior. A larga e conspícua câmara da cloaca (ou bolsa estercoral) abre-se ao fim posterior do intestino médio. O intestino posterior à câmara da cloaca é o intestino anterior, ou reto. O intestino anterior é ectodérmico, como o intestino posterior, e é forrado por cutículas. Os cecos digestivos posteriores abrem-se do intestino médio e preenchem grande parte do espaço no abdome. A maior parte do ceco digestivo posterior é dorsal ao ovário.

      Um grande anel nervoso é presente como uma massa branca facilmente reconhecida no centro do cefalotórax. Ele consiste de um cérebro, ou gânglio supraesofagial, descansando na superfície dorsal do esôfago posterior e é muito maior que o gânglio subesofagial, este ventral ao esôfago. Os dois são conectados por um par de conexões circumesofagiais.

      Os gânglios segmentados, que em artrópodes primitivos são organizados ao longo da corda nervosa ventral, se moveram anteriormente nas aranhas e estão concentrados no gânglio subesofagial como parte do anel nervoso. Não há corda nervosa e muitos dos nervos periféricos nascem do anel nervoso para servir ao corpo. O nervo óptico dos olhos entram anteriormente no cérebro e um grande nervo abdominal deixa o fim posterior do gânglio subesofagial e percorre a beirada ventral do intestino, através do pedicelo ao abdome.

      O coração é um grande tubo curvado e é anterior à região dorsal do abdome. Anteriormente ele se estreita para formar a aorta anterior que passa através do pedicelo ao cefalotórax. Posteriormente, torna-se a abertura da aorta posterior no abdome posterior. Suas paredes possuem óstias e são suportadas por ligamentos nas alas. Uma aorta extende-se do coração ao abdome para suprir o hemocelo com sangue.

      Os órgãos excretores são pares de longos e estreitos túbulos de Malpighy no abdome. Eles abrem na cloaca e são derivativos do intestino médio endodérmico.

      O ovário é um longo órgão branco no meio do abdome. Suas paredes possuem distintas dobras verticais e os ovos são claramente visíveis dentro. Conecta-se ao gonóporo feminino na base do epígino através de um oviduto.

      Uma grande variedade de diferentes tipos de glândulas de ceda podem ser vistas ventrais ao ovário. Cada uma conecta-se às espigas dos espineretos através de dutos. As glândulas que produzem a ceda não são musculares e são puxadas para fora das espigas quando o abdome distancia-se de um ponto de ligação. A ceda é composta de fibroína protéica e comparável ao náilon em resistência. É líquida quando liberada nas solidifica-se quando é tensionada durante o processo de saída. Uma tecelã-orbicular como a Argiope produz muitos tipos de cedas, cada uma secretada por uma glândula diferente. Seis tipos de glândulas de ceda são conhecidas entre as aranhas.

      Alimentação: Predador.

      Revisão do texto: Marina de Azevedo Guerra

      Data: 31 de Outubro, 2017 às 12:30:06
      Local: Santa Catarina, Benedito Novo

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